Paixão Noturna

Não só na noite de hoje, como em todas as outras… Procuro por você como se fosse a última coisa que quisesse no mundo. Confesso que, durante o dia, apego-me à rotina e mal lembro de sua existência. Realizo meus afazeres mecânicos e é quando a lua sobe, e atinge seu ápice, o momento quando você entra sem permissão em meus pensamentos, na busca pelo prazer momentâneo.

Lutando contra essa força que se apossa de mim, nego veementemente sua existência. E quanto mais a nego, mais a quero. Quanto mais a quero, mais propenso a sucumbir e me deliciar de suas diferentes fontes de prazer eu fico! A ansiedade intrometida é como o próprio Diabo sussurrando em meu ouvido, para atender ao desejo. Ao chamado do prazer.

Respiro fundo e digo: Não! Contudo, o próprio “não” por mim é negado. Sei que, eventualmente, não resistirei. Ainda assim resisto. Quase convicto de que passarei ao menos uma noite longe de você. Entretanto, o “quase” torna a convicção abstrata e sem valor. O “quase” é meu inimigo, tanto quanto a ansiedade.

O sono vem, na tentativa de me salvar. De tirar de mim os incontáveis cenários que imaginei diante de você. Nego! Vou para a cama para sucumbir ao sono e não a você! Meus olhos se fecham vagarosamente. Um lampejo estridente me desperta e a sonolência é derrotada. Apelo a Tolkien, para que me distraia, mas com o tempo sou tomado pelo desejo por completo.

Levanto-me da cama. Preciso ir até você… Não há mais resistência, a convicção concreta é a de ficar frente a frente contigo. Tocá-la delicada e vagarosamente. Oh, o mero ato de presenciar sua alvura já antecipa o prazer que se avizinha. É bem ali, quando ninguém está olhando, quando o silêncio da noite preenche nossos corações que me curvo ao prazer junto de você, geladeira!

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